3 de ago. de 2010

A MAIOR DE TODAS AS BATALHAS

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“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” - Jeremias 17:1-11 (vs. 9)

O alimento está racionado. Depois, reduziu-se a ração. E de novo. E de novo. E mais uma vez. Os velhos começaram a morrer de fome. As crianças definhavam. No fim, os cadáveres apodreciam nas ruas. O mau cheiro espalhava-se por toda a cidade. A peste estava em toda parte. As pessoas tinham medo de sair de casa em busca de alimento, pois temiam ser roubadas ou até... Bem, não vale a pena falar a respeito disso.

A que me refiro? A algum cenário apocalíptico do fim dos tempos? Não, refiro-me a algo que aconteceu de verdade. Em setembro de 408 d.C., o rei godo Alarico tomou o controle do porto de Ostia e, assim, cortou a rota de suprimento da cidade de Roma. A seguir, ele sitiou a cidade. Pela primeira vez em quase mil anos, as tropas inimigas permaneciam diante dos portões de Roma. O grande Urso foi, finalmente, domado!

O cerco durou quatro meses. Por fim, após o sofrimento que acabei de descrever, dois oficiais romanos foram escolhidos para deixar a cidade, e negociar com Alarico. De início, eles tentaram ameaçar o rei, dizendo que se o exército dele não fosse embora, os romanos seriam obrigados a sair da cidade e destruí-los. Alarico apenas riu. A próxima tentativa dos negociadores romanos foi perguntar o preço de Alarico. Quanto queria para levantar o cerco? Ele respondeu: “Entregue-me todo ouro que há na cidade. Toda a prata, todo bem móvel que eu puder encontrar e todos os escravos de origem bárbara”.

Os embaixadores romanos ficaram chocados e disseram: “Se você levar todas essas coisas, o que sobrará para nossos cidadãos?” Alarico disse: “A alma”.

Após dois anos e mais três cercos, em que tentaram negociar uma conclusão pacífica, na noite de 24 de agosto de 410 d.C., por fim, Alarico liderou suas tropas em uma tarefa que até ele estava relutante em executar – o saque e o incêndio de Roma. O exército godo derrubou o portão de Roma e entrou na cidade. Uma vez na cidade, o forte exército de cem mil homens transformou-se em feras vorazes, alimentando-se da população civil da cidade. Eles partiram depois de meia semana. Tamanha foi a violência, que o mundo ocidental ficou chocado com a queda da Cidade Eterna. Alguns historiadores vêm este acontecimento como o marco do início da Idade Média.

Catástrofes deste porte e maiores ainda, naturais ou provocadas pelo homem, têm acontecido por toda a história. Hoje, já se sabe que na 2ª Grande Guerra, morreram aproximadamente 17 milhões de soviéticos (sendo 9,5 milhões de civis); 6 milhões de judeus; 5,5 milhões de alemães (3 milhões de civis); 4 milhões de poloneses (3 milhões de civis); 2 milhões de chineses; 1,6 milhão de iugoslavos; 1,5 milhão de japoneses; 535 000 franceses (330 000 civis); 450 000 italianos (150 000 civis); 396 000 ingleses e 292 000 soldados norte-americanos. Estima-se que no total, chegamos perto de 46 milhões de almas mortas, pela maldade no coração do homem, em apenas Seis anos. Alcançamos a extraordinária marca de aproximadamente, 64.000 almas mortas por dia!

Mas o que eu desejo dizer na verdade, é que a maior de todas as batalhas está ocorrendo agora mesmo, e não é pela conquista de terras, não é uma guerra entre estranhos, não tem nada a ver com credo ou etnias, não está ocorrendo em algum país neste momento, mas está ocorrendo dentro do coração humano, dentro do meu coração, talvez, dentro do teu coração. 

Eu posso listar uma série de razões para afirmar isso. Poderia listar pecados que costumamos cometer e que nos afastam de Deus. Posso falar sobre rebeldia, posso falar sobre infidelidade, posso falar sobre mentira, posso falar sobre mil coisas. Mas, não cabe a mim descrever o que se passa no coração de cada um, essa não é a minha função. Pertence a Deus, pois é Ele quem esquadrinha os corações, e é Seu Santo Espírito que o revela a nós, para que o confessemos e nos arrependamos.

Veja que no texto, o Senhor está falando do Seu povo. Ele diz que os seus pecados, estão gravados em seus corações, com ponteiro de ferro. Este era o instrumento para marcar ou escrever em pedra ou metal. O instrumento tinha que ter a ponta de diamante, pois só o diamante pode marcar a superfície dura e cortar até mesmo o próprio diamante. 

Os pecados cometidos pelos homens, não ficam gravados em suas mentes, mas todo pecado é registrado no livro de Deus, todos são registrados na tábua do coração e tudo vai ser lembrado pela consciência. O que está gravado no coração se tornará evidente na vida, as ações dos homens demonstram os objetivos e desejos de seus corações. Quanta necessidade de nos humilhar diante de Deus, nós temos. Quanto que devemos confiar em Sua misericórdia e graça, rogando a Deus para nos examinar e nos mostrar como temos sido enganados pelos nossos próprios corações, e colocar em nós uma natureza limpa pelo Seu Espírito Santo!

Aquele que coloca a confiança no homem é como a erva do deserto, uma árvore nua, um arbusto apenas como o produto da terra estéril, inútil e imprestável. Aqueles que confiam na sua própria justiça e poder, e pensam que podem levar a vida sem Cristo, faz da carne o seu braço, e suas almas não podem prosperar na Sua graça e consolo.

Aqueles que fazem de Deus sua esperança, reverdecerão como a árvore verde, cuja folhagem nunca desaparece. Tem paz e satisfação mental, e não é ansioso em um ano de seca. Aqueles que fazem de Deus sua esperança, terão o suficiente dEle para compensar a falta do consolo das criaturas. Não deixará de dar frutos de santidade e boas obras. 

O coração, a consciência do homem, em seu estado corrupto (perverso; incurável; muito doente) e caído, é enganoso (astucioso; traiçoeiro; matreiro) acima de todas as coisas. Chama o mal de bem e ao bem de mal; diz que a escuridão é luz e que a luz é escuridão (Isaías 5:20). Assim, é o coração do perverso, está desesperado e sem vida. Sem dúvida, o caso é ruim! 

Nós não podemos saber de nossos próprios corações, nem o que eles vão fazer na hora da tentação. Quem pode entender os seus erros? Muito menos podemos entender o coração dos outros e confiar neles. Somente Deus, que conhece todas as coisas, e os corações e os pensamentos dos homens, é quem irá retribuir a cada um segundo o seu caminhar.

Em João 8:1-11, nos encontramos com uma mulher acusada de cometer adultério. Ela é levada pelos religiosos até o Senhor Jesus para saber o que Ele diria, pois ela seria apedrejada conforme está na lei de Moisés. A intensão dos seus corações era de ter argumentos para acusar Jesus se caso Ele se opusesse contra a lei. Seus corações e intentos são enganosos, traiçoeiros e maus. Mas o Senhor lhes conhecia os corações e suas intenções. E Jesus, que a tudo conhecia, por ser Deus, inclinou-se e começou a escrever na terra com Seu dedo.

Insistindo eles na pergunta, o Senhor lhes disse: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra” (vs. 7). E dito isso, voltando-Se para a terra, continuou a escrever. 

Os homens e seus intentos foram confrontados com seus pecados. Seus corações lhes foi aberto diante de seus olhos. Tamanha maldade estava diante deles, que não foram capazes de cumprir com o que a lei de Moisés lhes exigia que fizessem. De acusadores tornaram-se réus. Não poderiam acusar a mulher mais do que a eles mesmos. Assim é com todos os homens.

Mas fica a questão no ar. Sempre a mesma questão! A final, o que Jesus escrevia com Seu dedo na terra? Jesus veio cumprir a Lei de Deus, Ele era aquele que se dizia no Velho Testamento, que viria para salvar o perdido de seus pecados, Ele era o Messias esperado, o Deus encarnado, o Juiz que veio para julgar, como está em João 5:22-27. O julgamento do Senhor é pessoal. Pois Ele conhece os intentos e os corações de cada ser vivo, de cada alma que viveu, que vive e que viverá. 

Ele não julga por Si mesmo ou vontade própria, ou ainda como se diz, por ouvir falar, como os juízes humanos fazem. Ele julga corretamente, porque Lhe foi dado por Deus faze-Lo, e porque tudo está diante de Seus olhos. Não há segredo que não venha ser revelado, nem tão pouco pecado que não venha a ser descoberto. – “Portanto, não os temais; pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido.” – Mateus 10:26 

Seu julgamento é justo. Ele conhece por nome todos os que passarão por Seu tribunal. Seus nomes estão escritos no chão, e serão julgados por terem se afastado do Senhor. Eis o que Jesus escrevia na terra. O nome de cada um dos que tem pecado. (Leia Jeremias 17:13)

O QUE FAZER ENTÃO?
Deus enviou justiça contra Seu povo a fim de disciplina-los. E Ele mandou justiça contra todas as mesmas nações que usou para disciplinar Seu povo. Ainda uma pergunta: Se todos recebem justiça, então qual é a diferença entre o povo de Deus e os outros povos?

A diferença é a MISERICÓRDIA. Todos nós, cristãos, deveríamos entender que receber o que é justo significa ir para o inferno. Deveríamos saber que se pleitearmos que Deus nos dê o que merecemos, não receberemos coisas doces e luminosas, pois merecemos o tipo de indignação e fúria santas que encontramos nas profecias de Jeremias. Merecemos o inferno como punição.

Apenas para ilustrar. Estamos vivendo a época mais infame (de má fama; reprovável, condenável), da igreja, com seus milhares de movimentos, denominações, divisões, subdivisões. Com falsas doutrinas, falsos mestres, falsos profetas, falsos pastores, falsos líderes, falsos adoradores. É a época do homem como o centro do culto quando deveria ser para Deus. O homem no centro dos sermões quando deveria ser Deus. A Bíblia sendo manipulada, esquartejada, menosprezada, a fim de manipular, controlar e enriquecer às custas do povo. Deus foi colocado de lado. E ao homem foi dado ter de volta o que é seu “por direito”, como na música “Restitui” da banda, Toque no Altar.

Nossa única esperança de justiça é Deus. Nossa única esperança de misericórdia é Deus.

O que devemos fazer então? Devemos confessar os nossos pecados! Devemos ter em nossa mente a clareza de que nosso coração é enganoso, que estamos sempre prontos para defender a nossa justiça própria. Mesmo os que são salvos por Cristo Jesus, não estão livres de pecar, de cair em tentação, de errar, de ser infiel, do orgulho, da soberba, da vaidade. 

Não temos todo o conhecimento. Estamos aprendendo a ser a Igreja do Senhor. Temos caminhado na luz que o Senhor tem nos dado? Só isso já é motivo de nos humilharmos por Sua misericórdia. Temos observado a Palavra do Senhor todos os dias? Temos obedecido a Sua Palavra? Temos sido fiéis a Ele e não a homens?

Faço a mesma pergunta feita por um homem com uma doença grave, há esperança? Há esperança para nós?
· Hebreus 4:16
· Efésios 2:1-5
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Sermão pregado neste último domingo (01/08/2010)
Bibliografia: "Mensagens no Antigo Testamento" - Mark Dever 
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2 comentários:

Heitor Alves disse...

Pr Sérgio,

O Blog dos Eleitos indicou seu blog como um dos melhores blogs cristãos calvinistas.

Abraços.

SOLA GRATIA disse...

Por essa não esperava, meu irmão Heitor.

Agradeço muito pelas palavras no http://blogdoseleitos.blogspot.com/

Se é assim, só é pela SOBERANA GRAÇA, de nosso Senhor.

Um forte abraço,
Pr. Menga