20 de mai. de 2010

Eu sei que o meu REDENTOR VIVE

fome zimPorque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra.” - Jó 19:25

O desespero pode levar uma pessoa a tomar atitudes que poderão deixar marcas para toda a vida. Justificadas ou não, atitudes tomadas no calor do desespero, não têm volta. Tornam-se marcas indeléveis, profundas e doloridas na maioria das vezes.

Qual a justificativa para alguém tirar a própria vida? Quais razões podem ser tão fortes a ponto de um jovem, que nem começou a viver ainda, tentar o suicídio?

Aos olhos das pessoas que estão de fora, não existe justificativa. Não existem razões fortes o suficiente para se tirar a própria vida. Mas o certo é que, por mais injustificadas que forem as razões, nós, os que olhamos de fora, jamais poderemos saber ao certo o que se passou na cabeça dessa pessoa.

Temos dois exemplos na Bíblia de uma situação de extremo desespero, mas com dois finais diferentes.

O primeiro é o de Judas o Escariótes. O filho da perdição escolhido por Deus, para o cumprimento de Seu propósito. Ou seja, trair Jesus (João 17:12).

Este, tomado de grande desespero, motivado pelo remorso, chegou ao auge, lançando-se em um penhasco, a fim de dar cabo de sua vida. Para ele não havia escolha. Não havia outro caminho ou solução que o levasse a tomar outra medida. Faltou-lhe, como diriam os homens, a motivação correta para mudar a sua história.

E que motivação tem o homem, em um mundo imerso na desesperança? Que motivação teria o homem, que não têm a quem recorrer, pois, quem ele conhece que seria capaz fazer com que sua vida tomasse um rumo radicalmente diferente do que ele estava?

Mas, nas Escrituras temos também o exemplo de um homem totalmente mergulhado na aflição e na dor, destituído de tudo, da família, dos bens e amigos. Seu nome é Jó.

Parece que Jó, levado ao desespero, claramente toma um outro rumo, uma atitude totalmente diferente de Judas. Mesmo que seu sofrimento tenha sido dos mais terríveis que se tem notícia, ele recorreu ao extremo também, mas em outra direção.

Em seu desespero ele recorre à verdade e à justiça de Deus. Afinal, de que outra esperança poderia ele obter consolação, senão daquela vida e glória futuras? Uma vez que desta vida, nesta terra, não existe solução?

E em quem mais ele poderia se apoiar, senão nAquele que é o dono da vida? Da sua vida?
  • Jó tinha um verdadeiro amigo entre os seus amigos cruéis.

Ele o chama de ‘seu Redentor’, e conta com Ele em sua dificuldade. A palavra hebraica, traduzida por ‘Redentor’, têm alguns significados dentro do contexto histórico, cultural e religioso, tanto quanto prescrito na lei mosaica (Levíticos 25), como vivido até o tempo do Novo Testamento. E como veremos, vivido por nós até os dias atuais.

A mesma palavra, poderia ser traduzida também tanto como: “Vingador”, ou “Fiador” ou ainda como, “Justificador” ou “Resgatador”. E é a palavra que determina um processo civil, onde um parente consanguíneo resgata o seu irmão ou um parente próximo, como foi o caso de Rute e Boaz (Rt 2:20)[1].

No caso de Jó, quando ele empregou a palavra para “Redentor”, parece que ele tinha em mente o sentido daquele que redime, liberta. Ou seja, Justificador. Vale lembrar, que Cristo Jesus, é o Remidor ou Redentor daqueles por quem Ele morreu. Aquele que redimi, ou liberta dos pecados deles e nossos.

Como no caso de Jó, era necessário alguém com o poder de Remir um caso perdido e também o de julgar com justiça. E como sabemos, essas são as atribuições de Cristo nos evangelhos.
O Duplo Sentimento de Jó
Jó estava vivenciando um momento de duplo sentimento, aqui. A dor e o sofrimento que o afligia de forma tão cruel, o fazia dizer coisas que para qualquer cristão, seria o mesmo que blasfêmias. Como ele diz no verso 22: “Porque me perseguis assim como Deus...?” , faz qualquer um pensar que sua observação é o resultado de uma mente doente, desvairada e sem sentido, pois afinal, como seria possível que o Deus de amor, fosse o responsável de todo esse sofrimento?

No entanto, apesar de todo seu sofrimento físico, de todas as dores cruciantes e de todo desconforto, ele tinha completo domínio de sua mente e sabia exatamente quem era o responsável de todo esse sofrimento.

Seria até desnecessário, mas vale lembrar, que foi o próprio Deus, que deu a autorização ao diabo para tocar no corpo de Jó. Basta ler os capítulos primeiro e segundo, que relatam como tudo aconteceu.

Então Jó sabia, lá no fundo de sua alma, que ninguém mais, além do próprio Deus teria a autoridade e poder, de fazer tudo aquilo e muito mais, com ele, e com qualquer pessoa. No entanto, quando ele afirma para os seus “amigos”, que assim como Deus, eles o estavam perseguindo, ele tinha em seu coração que mesmo sendo, infinitamente mais poderosa a mão de Deus sobre ele, a de seus “amigos” era impiedosa.

É por isso, que no verso 25, ele faz essa maravilhosa declaração: “Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.”.

Que declaração tremenda! Ele, mesmo na mais angustiante situação, foi capaz de compreender esta tão impressionante verdade, que Deus é, tanto o responsável por sua aflição, como também o Salvador de sua existência. E mais ainda, que esse Salvador, não está desatento ou morto para a sua necessidade, mas Vivo e atuante.

E é, ainda mais impressionante, pois ele declara, mesmo na mais terrível angustia, que a sua salvação e total libertação, está por vir, não importando o tempo que leve. Pois é acima de tudo, uma declaração Messiânica. É uma palavra verdadeiramente profética, ao considerarmos a época em que esse fato ocorre. Ainda nos tempos de Moisés.
A oração de Jó é duplamente respondida
Ninguém nesta terra poderia ajudar Jó em coisa nenhuma. Seus amigos, só o acusavam de algo que ele era inocente. Eles, não olhavam com os olhos da fé, não enxergavam além da deformidade daquele corpo largado no chão. Eles não ouviam nada além de suas palavras insensatas e sem sentido. Eles não tinham nada em seus corações, além de acusações injustas. Compaixão não era um sentimento que os movia, e muito menos, misericórdia. 

Assim é o homem, não enxerga, não ouve e não fala, nada de proveito, senão for transformado ou direcionado pelo Espírito de Deus. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:9).

Entretanto, em meio a todas aquelas vozes, em meio a todas as acusações e falta de compaixão, Jó faz uma oração, e pede duas coisas. Ele diz: “Quem dera fossem agora escritas as minhas palavras! Quem me dera fossem gravadas em livro! Que, com pena de ferra e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha!” – Jó 19:23,24.

É como se ele estivesse querendo que alguém mais, além daqueles “amigos”, inoportunos e incompreensíveis, ouvissem a sua vós. Seu desejo, talvez, fosse que alguém estivesse como que gravando as suas palavras, porque, parecia que ninguém compreendia os seus argumentos.

Mas alguém o ouvia. O ouvia, e compreendia. E não só o compreendia, como providenciou que não somente as suas palavras fossem escritas, mas que todo o acontecimento fosse registrado e soberanamente mantido vivo para nós hoje. 

Ele continua em sua oração, nos versos 26 e 27, “Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade se desfalece o coração dentro de mim.”

Tremenda oração profética, que vai além da compreensão humana. Pois ele não somente fala de si, como se curado estivesse, mas também, como se antevisse sua ressurreição, em um corpo restaurado, e contemplando a glória de Deus. 

Lembrem-se que antes ele confessou saber que o seu Redentor estava vivo e que Ele, por fim, se levantaria sobre a terra. Viria, o seu Redentor, para salvar e resgatar, através de Sua morte e ressurreição todos quantos lhe foram entregues por Seu Pai.

Jó disse que ele veria a Deus, ainda, por si mesmo. Não somente ele O viu, como declarou no capítulo 42, verso 5, “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem.”

É claro que ele estava vendo a Deus, de modo espiritual. Pois agora Deus não era só uma história, mas era de fato em sua vida. Ele havia experimentado Deus intimamente. No entanto, ele sabia que um dia, por causa do seu Redentor, ele haveria de ressuscitar em glória e poderia com seus próprios olhos, contemplar a Deus definitivamente. Que esperança. Essa é a nossa esperança.
O que aprendemos hoje
O que podemos aprender com esta experiência de Jó?

Três coisas maravilhosas. E vamos tomar por base duas passagens extraordinárias: Hebreus 10:38,39 e Habacuque 2:3,4.

Aprendemos que: 

1. A fé, fixa a sua esperança nAquele que está por vir, aguardando a Sua manifestação no futuro (Hebreus 11:1,7,10,13,20,22,27)
2. A fé, aceita o veredito de Deus quanto à justiça (Hebreus 11:4,7; 12:23)
3. A fé, não retrocede diante do sofrimento (Hebreus 11:24-26,35-28)
E para finalizar, eu quero que os irmãos abram em 1Pedro 5:6-11.

Essa é a nossa esperança. Nada neste mundo pode nos lançar fora das mãos de Deus. Nem o tão temido, diabo, que está com seus dias contados.

A nossa esperança, nas nossas lutas, em nossos sofrimentos nesta vida, deve repousar no fato real, que o “Nosso Redentor Vive”.
Amém.
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[1] “… que ainda não tem deixado a sua benevolência.” – O amor de Deus é fiel, e Deus não Se esquece daqueles que ama. Suas promessas de bênçãos passarão de Boaz a Rute e Noemi e, finalmente, a todos os eleitos.
“... nosso parente chegado...” – A lei do resgate aparece agora. Segundo essa lei, o parente masculino consangüíneo mais próximo tem o dever de preservar o nome e os bens da família. Esse dever poderia envolver, conforme a Lei de Deus passada a Moisés, entre outras responsabilidades: Comprar de volta um parente vendido à escravidão com o fim de pagar dívidas (Levíticos 25:47:49).

3 comentários:

Paulo Brasil disse...

Pastor Menga,

Obrigado pela meditção em Jó.

quanta força podemos obter de tais reflexões, mesmo em tempos de refrigério.

Que Deus seja engrandecido.

Seu blog está excelente.
Como é colocada a quantidade de comentários no alto do post, e com a aparência de seu blog?

Pode resposnder aqui mesmo que voltarei para consultar.

Em Cristo

SOLA GRATIA disse...

Prezado Paulo,

Obrigado por sua visita e pelo comentário.

Bem, na verdade, para mim, é muito difícil fazer isso usando o HTML. Existem fórmulas para isso e alguns blogs que disponibilizam tutoriais que ensinam.

Mas, para me facilitar, optei em procurar um tema (demorei até), que já vem com essa característica pronta.

Se o irmão desejar, basta clicar no redapé deste blog, onde está o nome do tema e seu criador. Alí e através dele, certamente encontrará várias opções de temas e tutoriais.

Um forte abraço.

Paulo Brasil disse...

Pastor Menga,

muito obrigado pela informação.

Em Cristo.