Aqui, o Senhor Jesus, dá início ao Seu ministério com a chamada feita aos quatro primeiros discípulos. Exatamente, quatro pescadores. Quatro homens rústicos, duros e sem uma qualificação exemplar. Mas os fatos que antecedem ao seu chamado tem o propósito de nos ensinar muitas coisas.
Muitas vezes nós achamos mil e uma razões para não evangelizar: “Estou muito ocupado!”, “Eu não me dou bem com certas pessoas!”. A verdade é que, se fôssemos tão habilidosos em se tratando de evangelizar quanto o somos em fugir da tarefa, a Grande Comissão já teria sido cumprida há muito tempo!
Pedro e seus companheiros se sentiam muito mais a vontade como pescadores de peixes do que como pescadores de homens. Em Lucas 5, o Senhor Jesus, os ajuda a vencer as suas resistências.
Retornando um pouco nos fatos, no versículo 43 do capítulo 4 de Lucas, temos uma declaração de Jesus, sobre a razão da Sua vinda, que era o de: “Anunciar o Evangelho do Reino de Deus”. Mas o Senhor, não iria fazer isso sozinho!
Ele inicia Seu ministério, buscando aqueles a quem Ele mostraria Seu poder e Sua palavra, para que após Sua partida, a pregação do Evangelho do Reino de Deus, se espalhasse pelo mundo.
Ao chegar junto ao lago de Genesaré ou Mar da Galiléia, Ele se viu espremido pela multidão sedenta por ouvir a Palavra de Deus, Ele não tinha alternativa senão, subir em um dos dois barquinhos que ali estavam, já acostados na praia.
Os pescadores que haviam passado a noite toda pescando, sem nenhum sucesso, estavam trabalhando na manutenção necessária, tanto do barco, como das redes. Esse trabalho é importantíssimo para que nada se estrague pela ação do sal. E era um trabalho que exigia muita dedicação e esforço, como o remendar das redes.
Que razões teriam eles em mover o barco novamente para o mar, se eles ainda estavam em manutenção, se todas as tentativas para a pesca noturna foram em vão e estavam cansados, possivelmente desanimados, e principalmente, sem o produto para a venda e subsistência deles e de seus familiares?
Me vem à mente, uma pergunta: porque Pedro não tinha percebido a multidão sedenta e ansiosa por ouvir, e que Jesus precisava de sua ajuda?
Talvez porque ele estivesse tão ocupado e envolvido com seus próprios afazeres e necessidades, que não tinha tempo para se preocupar com isso!
Ai vem Jesus que, sem se importar com o árduo trabalho daqueles homens, simplesmente sobe no barco e pede que o leve até à água. O pedido de Jesus era inoportuno e trabalhoso, pois seria necessário o emprego dos outros homens, que também estavam ocupados no trabalho de manutenção do outro barco.
Coloque-se no lugar deles, e o que você acharia desse pedido, tão inoportuno?
No entanto, algo naquele homem que chega, sobe num dos barcos e pede que o leve para a água era irresistível. Aquele pescador cansado e desanimado, não poderia resistir-lhe, não poderia negar-lhe o pedido! Ele teria que deixar o trabalho de manutenção do barco e das redes, que levariam horas até que tudo ficasse pronto para que na noite seguinte, tudo se encontre em condições de uso novamente.
Após falar à multidão, o Senhor dá uma ordem ao pescador, para que a rede fosse lançada novamente a fim de pescar!
Novamente me pergunto: o que teria passado na cabeça daquele homem?
Ele reluta num primeiro instante, talvez pensasse: “o que um carpinteiro pode saber de pesca?”; “para que bagunçar as redes de novo, para nada?”
Mas Simão o chama de “mestre”, que no original significa, “aquele com direito de mandar”. Portanto, “Sob a Tua palavra” disse ele!
Contra todas as indicações (horário, cansaço, desânimo), confiando na ordem recebida, ele lança as redes e algo tremendo acontece, que pega os pescadores desprevenidos, as redes capturaram tantos peixes que mal podiam segurar. As redes que já haviam sido limpas e remendadas estavam se rompendo com o peso dos peixes, e pior, o barco estava afundando.
O medo deve ter tomado conta, e apavorados, começaram a chamar os outros do outro barco, para lhes ajudar.
Pergunto: porque Jesus tinha que chegar a tais extremos?
O verso 8 diz: “Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador.” Esta foi uma reação imediata, diante da santidade e da autoridade do Senhor. Eles temeram diante de tal poder. Eles estavam cientes que estavam diante de alguém que tinha o poder de Deus, por isso Pedro teve consciência de sua pecaminosidade.
Jamais, em todos seus anos de experiência na pescaria, presenciaram tamanha maravilha. No entanto, o mais maravilhoso e inesperado estava por vir! “Doravante...” (disse Jesus), esta palavra, fala de urgência. A despeito de quem quer que sejam aqueles homens, a despeito das qualificações que porventura tivessem eles, a partir daquele momento eles estavam sendo chamados para uma tarefa muitas vezes superior àquela que eles conheciam. Eles seriam, “pescadores de homens”; eles seriam “evangelistas”!
Jesus chamou Seus discípulos enquanto estavam empenhados no trabalho árduo, e não entre os desocupados! Eles tinham suas obrigações; eles tinham um negócio; eram sócios num empreendimento; eles tinham família! No entanto, o Senhor Jesus, não parece se preocupar com isso!
E os convoca para que larguem as suas redes para O seguirem conforme o texto correlato em Mt 4:19,20. O Senhor Jesus quer que eles deixem para trás todas as amarras que os prendem num só lugar. Larguem, disse o Senhor, os vínculos que os prendem a este mundo, e me sigam.
Sigam-me para algo melhor; sigam-me para um trabalho muito mais honroso; muito mais digno. Sigam-me para serem “pescadores de homens”.
Encontro nesta passagem os elementos na formação de um Pescador de Homens:
- Experiência do poder de Cristo (vv. 5,6) – eles se encontram com o Mestre;
- Consciência do pecado e perdão diante da Sua Santidade (cf. Jó 42:5,6; Is. 6:5) – eles se encontram com Cristo, Senhor e Salvador (vv 8);
- Decisão de seguir a Cristo sem temor (Disponibilidade, Liberalidade), (vv 10; Mt 4:19) – Cristo é Mestre, Senhor, Salvador e Amigo (Jo 15:14).
Deixo aqui algumas perguntas para a nossa meditação:
- De que forma a tirania do urgente pode nos impedir de fazer o que é de fato importante, especialmente quando se trata de evangelizar?
- De um ponto de vista humano, como você acha que estes rudes pescadores se sentiram em relação às suas qualificações pessoais, diante da possibilidade de tornarem “pescadores de homens” – evangelistas?
- Em que aspectos você se sente temeroso ou incapacitado para evangelizar?
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