Estamos vivendo dias em que, na percepção de uma maioria, seria o tempo da maior expansão evangelística da história da Igreja brasileira. “Nunca se viu tamanho crescimento da Igreja como nos nossos dias”.
Mas, na percepção da minoria, levando-se em conta, não o fator “numérico”, mas o fator “qualidade”, este é o período de maior crise espiritual já vivido pela Igreja do Senhor Jesus.
O que é ser Pastor nesses dias que estamos vivendo?
Gostaria de abrir aqui, agora, este tema para discussão, focando os seguintes aspectos:
· Entendendo o tempo que estamos vivendo;
· Para qual tarefa temos sido chamados;
· Definindo nossos desafios como pastores; etc.
Para dar ensejo às discussões sobre esses assuntos, eu faço a seguinte pergunta: O que é ser Pastor? Alguns líderes modernos de igrejas imaginam-se a si mesmos como homens de negócios, personalidades da mídia, promovedores de entretenimento, psicólogos, filósofos ou advogados.
Outros como líderes, se apresentam com uma “aura” de uma santidade, autoridade e poder, jamais vista. Outros são tidos como “todo poderosos” e “infalíveis”. Outros se apresentam esbanjando riqueza, carros de luxo, aviões particulares, etc.
Essas ideias e conceitos estão de conformidade ou se chocam, em todos os seus detalhes, com o tom da simbologia que as Escrituras utilizam para descrever os líderes espirituais?
Por exemplo, em II Timóteo 2, o apóstolo Paulo empregou 7 metáforas para descrever os rigores do ministério de liderança. Ele apresenta o pastor como um mestre (v. 2), um soldado (v. 3), um atleta (v. 5), um agricultor (v. 6), um obreiro trabalhador (v. 15), um vaso (vs. 20-21) e um escravo (v. 24).
Todas essas figuras evocam idéias de sacrifício, labor, serviço e arduidade. Elas nos falam, de modo eloqüente, sobre as responsabilidades complexas e diversas envolvidas no ministério de liderar. Nenhuma delas transforma o ministério de liderança em algo esplendoroso.
Esta é a razão por que não devemos supor que o exercer liderança seja algo espetacular. Liderar a igreja (estou falando sobre todos os aspectos da liderança espiritual, não somente da função do pastor) — Não é um manto de status a ser conferido à aristocracia da igreja. Não é obtido pela idade avançada, comprado com dinheiro ou herdado por laços de parentesco. O ministério de liderar não recai necessariamente sobre aqueles que são bem sucedidos em seus negócios ou em suas finanças. Liderar a igreja não é distribuído com base na inteligência ou no talento. As exigências para a liderança são pureza de caráter, maturidade espiritual e, acima de tudo, disposição de servir com humildade.
O símbolo favorito de nosso Senhor, referindo-se à liderança espiritual, era a de um pastor — alguém que cuida do rebanho de Deus. Esta foi uma figura que Jesus utilizou para descrever a Si mesmo. Todo líder de igreja é ou deveria ser um pastor.
Pastor significa alguém que leva ovelhas para pastar e cuida delas. Esta é uma figura muito apropriada. Um pastor guia, alimenta, fortalece, consola, corrige e protege. Essas são responsabilidades de todo líder de igreja.
Os pastores não possuem status. Em todas as culturas, eles ocupam os níveis mais baixos da pirâmide social. Isto corresponde perfeitamente às palavras de nosso Senhor, ao dizer: “O maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” (Lc 22.26).
No plano que Deus estabeleceu para a Igreja, a liderança é uma posição de humildade, amor e serviço. Liderar a igreja é um ministério, não um empreendimento administrativo. Aqueles que Deus indica como líderes não são chamados para serem monarcas, e sim súditos humildes; não celebridades espertíssimas, e sim servos que trabalham com empenho.
Aqueles que lideram o povo de Deus têm de ser, antes de tudo, exemplos de sacrifício, devoção, submissão e humildade. Esse sempre foi o exemplo deixado pelo próprio Senhor Jesus. Ele é o modelo para nós.
A tremenda responsabilidade de liderar o rebanho de Deus está acompanhada do potencial de grande bênção ou de grande juízo. Os bons líderes são duplamente abençoados (l Tm 5.17), e os péssimos líderes são duplamente repreendidos (v. 20), pois “... àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc 12.48). Tiago 3.1 nos diz: “Não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo”.
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Devocional ministrada em uma reunião de pastores - Adaptado de: Shepherdology: A Master Planfor Church Leadership [Pastorado, um Plano-Mestre para a Liderança da Igreja], por John MacArthur Jr. Publicado em português na Revista fé para Hoje, n.24, Editora Fiel.
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