Tenho meditado nas últimas quatro semanas sobre a igreja de Atos, mais precisamente, a igreja dos primeiros seis anos, até o início da perseguição em Atos 8:1. Isso porque, desde meu último sermão postado aqui, "Um Chamado para Além dos Limites", tenho tido que justificar, biblicamente, algumas coisas que disse em relação à igreja de Atos ou a primeira igreja.
A questão levantada refere-se a minha afirmação de que: "a primeira igreja errou ao não cumprir com a ordem do Senhor da Igreja, o Senhor Jesus Cristo, de pregar o Evangelho em Jerusalém e fora dela". E que, como consequência, veio a perseguição, para que finalmente, ela cumprisse seu comissionamento de pregar o Evangelho para além dos muros de Jerusalém.
Duas questões foram levantadas: Em Atos 1:8, não existe (ao menos no português) o imperativo "sejam minhas testemunhas". Portanto, não havia uma ordem a ser cumprida.
Em segundo lugar, a culpabilidade como causa da perseguição. Esta "culpa" não está explicita no texto bíblico.
Percebam que a preocupação dos meus questionadores é legítima, visto que o texto bíblico não trazem explicitadas tais afirmações, e portanto, eu teria errado ao mencionar o que não está no texto. Eu teria apenas dado como certo o que se baseia em minha pressuposição. Esse era o papel dos bereanos. E louvo a Deus por eles hoje.
Graças a tudo isso, eu tenho pesquisado estas passagens mais a fundo com o auxílio de bons comentários, livros de bons autores e ainda, conversando com pastores com muito mais vivência e conhecimento do que eu. Aliás, aconselho a todos que sobem nos púlpitos, que gastem muito tempo nos estudos, antes de pregarem seus sermões. Não que eu não tenha feito isso! Mas cheguei à conclusão de que um pastor, se deseja ser fiel à Palavra de Deus, não pode pregar todos os domingos seguidamente, a não ser que ele se dedique só ao estudo das Escrituras. Cuidado!
Em minhas pesquisas e conversas, cheguei a duas conclusões.
A primeira, sobre a conclusão que a perseguição foi o resultado da acomodação da primeira igreja, visto que lá não está explicito tal fato! Sabendo que Deus tem o controle sobre todas as coisas, e que Ele é o Senhor da Igreja, e que a Sua vontade é que o Evangelho do Reino seja pregado em todas as nações, então a perseguição que veio sobre a igreja de Atos, estava nos propósitos de Deus.
Ela não veio por ordem do diabo, nem pelo "livre arbítrio" humano, ainda que, como consequência da livre ação dos homens! Mas, tão somente, pela vontade soberana de Deus. Somente assim a Sua Palavra seria pregada em toda a Judéia e Samaria e alcançaria os confins da terra.
Quando o Senhor Jesus avisou a Seus discípulos de que eles também seriam perseguidos e mortos, assim como Ele mesmo o foi, Ele estava afirmando que essa perseguição faz parte dos propósitos de Deus. Temos visto na história da Igreja, que os resultados das perseguições, produz crescimento, fortalecimento e a expansão do Reino de Deus.
Sobre a questão levantada quanto à existência ou não, do imperativo na ordem de serem testemunhas em Atos 1:8, para mim ainda é claro, pois a ordem já havia sido dada pelo Senhor na Grande Comissão, e Lucas apenas estava reportando tudo o que o Senhor Jesus havia feito e falado anteriormente, durante os 40 dias que permanecera com seus discípulos, após a Sua ressurreição. Além do mais, Lucas inicia seu segundo livro afirmando que este é o relato de "tudo o que o Senhor Jesus 'começou' a fazer e realizar". O que vale dizer que o Senhor Jesus ainda continuava agindo, agora, por meio da Igreja.
No entanto, se nos detivermos tão somente neste versículo de Atos e nos esquecermos do contexto maior (a ordem dada na Grande Comissão), mesmo que o verbo não esteja no “imperativo”, veremos que o “sereis minhas testemunhas” está no “futuro do presente”. Portanto, quando o Senhor Jesus diz a eles que serão Suas testemunhas, é certo! É consequência natural, é fato consumado. Não é uma condicional, visto que o que seria necessário para testemunharem com ousadia lhes seria dado de fato.
Para o Senhor Jesus, o "ser" testemunha, está intimamente ligado ao cumprimento de Sua promessa feita antes de Sua morte, que era a vinda do Consolador, do Espírito Santo. A força, o "dunamis" indispensável para o trabalho no Reino de Deus.
Para o Senhor Jesus, o "ser" testemunha, está intimamente ligado ao cumprimento de Sua promessa feita antes de Sua morte, que era a vinda do Consolador, do Espírito Santo. A força, o "dunamis" indispensável para o trabalho no Reino de Deus.
A segunda conclusão que cheguei, e isso ficou muito claro em conversa com pastores e pesquisas, é que toda essa questão da "causa" da perseguição, é periférica. Portanto, não haveria razão para a discórdia.
Resta então, e tão somente, fazermos o seguinte questionamento: "O que motivou a primeira igreja a testemunhar em Jerusalém e fora dela? O Poder que lhes tinha sido dado ao cumprir-se a promessa de Jesus em enviar o Espírito Santo? Ou a Perseguição?"
Então meus irmãos, o que nos motiva a obedecer a Deus?
- O Seu amor por nós?
- O Seu perdão pelos nossos pecados?
- A Sua misericórdia?
- A Sua mão sobre nós?
- As provações?
- As dificuldades da vida?
Acho que vale a pena refletirmos sobre isso.
Peço perdão ao Senhor e aos irmãos por falar baseado em minhas motivações, por tentar enxergar o que não é claro e por dizer o que não me foi autorizado a dizer.
Ainda assim, vejo uma igreja acomodada, envolta em seus sistemas e métodos humanos, e desalinhada com a simplicidade do Evangelho. Todos nós carecemos de retornar à Sã Doutrina e à obediência.
Um forte abraço a todos.
Pr. Menga
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